28 de mai. de 2009

_Não vens

Por que não vens?

Por que te demoras? Venha logo;

Venha como o ladrão na noite;

Venha como o vento que anuncia a alvorada.

 

Encontrar-me-ás indefeso, sozinho;

Inerte no sono que envolve a noite;

Venha, não demores mais;

Ficarei feliz;

 

Quando tirar-me o fôlego da vida.


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 M. Arioso

_Sepultei

Acabei de chegar. Pelo portão que passei, deixei a porta entreaberta,

para trás deixei meu filho.

Como chorei, momentos intensos, profundos e quase eternos.


Em sua lápide lê-se isto: "A transitoriedade desta terra, não consegue se sobrepor a
s promessas da Eternidade que permeiam o coração daquele que conheceu o Criador."

Não haviam muitos presentes no sepultamento,
somente eu e minha dor que agora parece ser uma presença constante em mim.

O sol frio de inverno refletia sobre seu caixão triste
parecendo querer trazer um fio de esperança ao coração que sofre.


O silêncio do dia era estonteante. Nunca encontrei tanta dor
concentrada em um único momento. Ao olhar para o nada,
percebendo de fundo a sua foto ainda sorrindo me fez
lembrar de todos os sonhos que tinha; quando falava deles despontava
um sorriso inocente em seus lábios, falava com tanta convicção do sangue
forte de um novo ser que isto me enchia o coração de alegria:
"Conquistarei o mundo, amarei somente uma mulher, serei honesto,
farei a diferença"
... sonhos, sonhos, sonhos.


Sonhos que agora se comprimem em sua última e 

apertada morada. Sonhos que como as rosas que estão 

sobre seu peito se desfarão e do doce cheiro ficará somente 

a lembrança de um passado que se foi.


É difícil me lembrar disso tudo, mas no entanto, 

está em mim e latente dentro de mim, esses sentimentos 

me assombram em plena luz do dia. Não consigo enterrá-los.


Talvez o responsável seja o amor, que como a poeira que 

é sempre a última manifestação de uma explosão, 

ele vem depois de tudo para amenizar o que restou, 

a dor que resistiu a tudo e permaneceu.


A mim, caberá para o futuro que me espera, 

me alegrar das lembranças que deixou, das vezes que 

falou de seus amores, das vezes que eu o amei como a um filho.


Sepultei meu filho.


A vida há de continuar e espero que neste rio 

ela possa me levar. Procurarei não olhar para trás. 

Aliás, olharei para trás sim para todos os dias me 

lembrar que o ser humano é como a flor da erva, que nasce, 

brilha, mas no momento seguinte já não existe mais.


Sepultei meu filho.


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 M. Arioso

Silêncio

O que dizer do silêncio que há em mim?

O que dizer do silêncio que persiste em viver em mim?

O que dizer de tudo o que diz o silêncio?

O que pensar do silêncio?

 

Imagino que o silêncio seja a espera constante;

Acredito que um dia o silêncio se tornará em som.

Sons de alegria, sons de vida, sons de criança chorando;

Anunciando a vida e a vida intensa que se opõe ao silêncio.

 

Será então o silêncio um mal ao homem?

 

Acredito que não. Acredito que o silêncio nos faz crescer.

Que o silêncio nos faz entender que tudo e todos estão sob o domínio

Daquele que tudo criou.

Descubro que o silêncio é sempre um momento de transição.

 

Sim, um momento de transição.

Quando na barriga da mãe, o bebê aguarda o tempo de vir a este mundo;

Ele está em silêncio e envolvido por este;

Quando a vida está se findando nesta terra, tudo o que há no escolhido;

É um silêncio que o informa que a hora chegou;

Aqueles que esperam em seu túmulo a concretização da promessa também;

Estão em silêncio.

 

Portanto, o silêncio profetiza a paz!

O silêncio profetiza um futuro de alegria.

E alegrias que jamais sucumbirão ao silêncio.

Jamais sucumbirão até que um novo tempo de silêncio se estabeleça

Será o momento de uma nova transição!

 

Por agora, silêncio!


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 M. Arioso

26 de mai. de 2009

_Músida dos dias

Se eu olho pra trás não vejo mais nada
O Teu amor cobriu a multidão dos meus erros
Se eu olho pra dentro eu vejo um rio
O Teu amor encheu um grande vazio

Não há sombras do que um dia já foi
Só certezas do que ainda virá

De tudo que um dia alguém sonhou
Infinitamente mais
De tudo o que o homem já pensou
Infinitamente mais

Se eu olho pro céu eu vejo uma casa
O Teu amor pagou um alto preço
Se eu olho pro chão eu vejo uma rocha
Pra colocar os pés a vida inteira

Banda Resgate (bandaresgate.com.br)
Álbum: Acústico

Minha opinião sobre essa música: incrivelmente perfeita.

_Se pudesse

Se pudesse conhecer as intenções do teu coração;

E tudo o mais que vai dentro dele.

Se pudesse descobrir o futuro e saber se

Estou no caminho certo;

Se pudesse conquistar um mundo de amores pra você;

 

Se pudesse entregar-te o meu coração;

Certo de que me faria feliz;

Se pudesse ter a certeza que a melhor

Certeza é a de estar contigo;

 

Se pudesse tudo isso;

Não teria expectativas;

Não teria desafios; 

Não teria dúvidas;

Não teria você pra me deixar assim;

 

Tudo isso se pudesse;
Se pudesse conhecer-te.


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 M. Arioso

25 de mai. de 2009

_Inesquecível

O que dizer do Amor?
Que tanto ama, que tanto sofre;
Quer deixar livre!
Sim, livre para voar e descobrir
Outros amores;
Mas então, o que dizer da experiência de amar?
 
Amar é arriscar-se; É entregar o coração;
É correr riscos; É ser correspondido;
É ficar na mão; É chorar por amar;
As vezes, é até mesmo sofrer;
Por que o coração insiste em mentir a seu dono;
Dizendo que foi abandonado pelo Amor;
 
Porém, o Amor sempre volta.
Sim, ele sempre volta a fonte do amor;
É como o filho pródigo; Num dia está bem
No outro exige toda a sua herança;
Mas quando descobre que a fonte do amor
É sempre única e ainda que receba outras propostas;
Este amor de antes, já é conhecido, já descobriu-se
Que faz bem ao coração, porque na verdade 
Sabe-se que é prontamente aceito.
 
Então, em um dia que é um dia como todos os outros;
Ele volta. Fica no portão da casa, esperando ser recebido;
Ao contrário de pedidos de desculpas; de arrependimento;
Encontramos um sorriso e a expressão sem palavras que diz:
Seu amor marcou tanto minha vida e por isso voltei;
Mesmo experimentando outros amores;
Seu amor se tornou inesquecível para mim.
 
Sim, essa é a única verdade que tenho para dizer-te;
Está é a suprema verdade acerca de ti,
Você é inesquecível por me amar assim.
 
Você é inesquecível!

Texto especialmente dedicado à Jaqueline C. Piedade

20 de mai. de 2009

_Palavras

O que tenho de você?
Palavras!

Palavras que vem, palavras que vão;
Palavras que criam um mundo;
Um mundo de palavras;
Em um mundo de sensações;

Mas o que nos atrai, então?
Palavras!

Palavras que formam frases;
Palavras que formam formas;
Palavras que traduzem o silêncio;
Palavras que transcedem a distância;

Palavras! Como são cativantes;
Mas acima de tudo, palavras!

Palavras sem fim;
Mas um fim de tantas palavras;
Palavras doces levadas pelo vento;
Em um vento de doces palavras;

Palavras.

18 de mai. de 2009

_Sua Beleza

Que beleza é essa que flui de você assim tão facilmente?
É tão profunda que parece intrinseca a sua própria alma. É tão ampla,
que a mim falta-me capacidade para mensurá-la.
Não é um rosto, uma face, um corpo, assemelha-se mais a um estado,
um ser, uma vida em vida. 

O que tinha o Criador em mente quando te criou?

Imagino que não atribuiu Ele a ti beleza,
mas quis proporcionar-lhe ser a própria beleza. 
A beleza das quais invejam as flores que te veem.
Que furtivamente descarta o encanto das ondas.
Que assim como o som que dos ouvidos acerta diretamente
o coração, sua Beleza me embebeda a alma.
Me faz cego para outros seres supostamente belos.

Agora descobri como encontrar o segredo da beleza. Basta tocar-te o coração;
Basta sentir o teu perfume que somente a ti faz perfumada; Basta experimentar
O calor dos teus lábios que me recobra o ânimo;

Que encantadoramente me atrai a você.

Não há como me opor. Não resistirei ao doce encanto da beleza que há em ti.
É como o vinho que sutilmente embriaga, é como o perfume
que não se nega as narinas sentí-lo.

Se és bela assim como vejo que és, então me faça feliz!
Não de uma felicidade restrita há tempos e valores;
Mas uma felicidade que seja assim como a Tua Beleza;
Simplesmente essência de ti.

_Arte de viver

"A arte de viver compreende uma gama de possibilidades tão grande que chega a me angustiar a idéia de não vivência-las todas".

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   M. Arioso

_A presença

"Quando você peca e sente que não perdeu nada é porque na verdade o mais precioso você já perdeu, a presença do Seu Salvador"!

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   M. Arioso

11 de mai. de 2009

_Por que escrevo

"Escrevo para me tornar amigo das palavras, para que no dia-a-dia possa conhecê-las mais e assim conseguir exprimir delas essa beleza que só elas tem, para que então possa falar do que há em mim e no mundo que me cerca".

Inspirado no livro Por que Escrevo - José Domingos de Brito

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   M. Arioso

_Te culpar

Quero te culpar!
Sim, quero atribuir a você toda a culpa!
E não darei a você o direito de se defender,
Tão somente lhe caberá a permissão para ouvir em silêncio.

Eu te culpo por entrar em minha vida sem que ao menos eu pudesse escolher
Eu te culpo por trazer uma alegria infindável que transformou meu ser;
Culpo você por roubar meu coração e não me devolver mais,
Sim, também é sua culpa a multidão de sonhos que agora tenho só com você;

Te pertence a culpa, por agora, sempre ter noites belas;
O fato de ter descoberto nos céus uma beleza eterna que todas;
As noites adentra meu quarto também é sua culpa;
O agradecimento que hoje tenho ao meu Senhor por revelar;
Preciosidades como você também é sua culpa.

Enfim, você é culpada de tudo. 

É culpada por eu ser feliz;
É culpada por meus sonhos;
É culpada por aprisionar meu coração;
No profundo de sua alma;

Já não sei mais o que em mim não tem parte de você.

E nessa indefinição de saber quem sou eu em você e
Quem é você em mim prefiro continuar aprionado para sempre;
Sempre junto de você!
E assim continuar a ser o seu mais dedicado refém.

 

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Milton Arioso

_Livros

"Tudo no mundo existe para, algum dia,
terminar num livro". 

Stéphane Mallarmé

_Sobre solidão

"A solidão é a certeza de que existe uma outra forma de se viver, e que esta é bem melhor que a primeira".

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   M. Arioso

_Sobre Bibliotecas e Escritores

"As bibliotecas tem um poder de sedução tão grande sobre os escritores que eles não resistem à tentação de inventar uma só pra eles". 

p. 23 Mattthew Battles em A Conturbada História das Bibliotecas - editora Planeta - 2003