Escrevo

Por que escrevo


Não! Não escrevo por prazer, é por desespero que estico essas linhas.
A poesia não é o fluir da alma. Antes, brasa lançada para fora.
Não é o fluir de palavras belas, eu as arranco de dentro de mim.
São linhas com restos de pele e pedaços de carne.

O poeta não sofre sua poesia. Todas elas são caminhos que o trouxeram aqui.
Escrevo para responder meus questionamentos e, nas respostas encontrar outras dúvidas.

Sério, não preciso de mim todos os dias, só não me faltes os versos singrados da alma. Me abandone todas as canções, mas não me deixe a poética das palavras. De fato, eu sei que sou um dependente, de tanto amar, me roubou de mim a poesia. Não voltei pra casa desde então.

Tendo ao lado a poesia, todos os dias são entardecer. Todas as manhãs são brisa fresca.
Escrevo é pra me derramar.

Milton Arioso