- Vem!
Vem comigo.
- Mas...
- Mas, o quê?
- Não sei!
- Se não sabes, vem!
- Tenho medo.
- Medo?
O medo é o resquício da segurança;
É o guardião daqueles que resolveram,
Desafiar a vida.
- Uh... Não sei...
- Pegue minha mão.
- Que mãos quentes!?
- É porque o medo já as deixou.
- Me sinto melhor.
- Se sentiras bem todas as vezes que estiveres assim.
- Você é meu porto seguro?
- Não, não sou.
O porto ainda não é seguro;
Está em construção.
Na verdade, no fim, somos um barquinho a beira mar.
- Estamos perdidos, então?
- Não, estamos procurando o caminho.
...
- Tenho medo.
- Aperte minhas mãos. Cruze seus dedos aos meus.
Permita que meu coração te aqueça.
- Não quero mais voltar.
- Não há como voltar, meu Amor!
Fechamos a porta por onde passamos.
- Mas, se eu sentir saudades?
- A saudade é um vácuo entre o adeus e o reencontro.
- Então, reencontraremos?
- Não posso garantir.
- Quero voltar.
- Não voltes.
- Por que?
- Não voltes por mim. Não voltes por você.
O passado é certo demais pra ser vivido outra vez;
É a incerteza do futuro que o torna apaixonante.
...
- Então, estou apaixonada!
- Apaixonada pelo futuro?
- Não, pela incerteza.
- Qual incerteza?
- A de te amar para sempre.
- Não me amas então?
- Não o tanto que amarei amanhã.
- Por que falas assim?
- Falo assim para que a certeza do meu amor não te faças menos atento.
- Uh...
- Também tenho incertezas.
- Qual?
- Todas. Todas as incertezas desta vida.
- Estamos no caminho certo?
- Sim. O errado deixamos na última curva da estrada.
- Não consigo ver o futuro assim.
- Para que desejas o futuro se o agora é a melhor experiência.
- Que agora?
- ( ) - Este!
- Uh?
- Te amo!
- Prefiro este agora.
- Se preferes, então mantenhas tuas mãos na minha.
- O que?
- Sem mais,
Vem comigo!
Milton Arioso
Poesia para se ler em noites com vento e madrugadas frias.
Direitos reservados.
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