Está morrendo o verão
As manhãs quentes do despertar
se perderam numa brecha da vida
Vou-me com elas
O outono saltitante me sorriu
Prometeu folhas e brisas
Mas, silenciosamente morre
Morre a cada anoitecer
Também o acompanho
O sopro se desvanece na fragilidade
Da existência tenra
Coração de sonhos esquecidos
No jardim da casa abandonada
Abandonei-me a margem do caminho
do sorriso incerto na varanda
Do café quente sobre a mesa
Manhãs de primavera virgens
Com os pássaros de verão
que procuram seus abrigos
Morro desta existência
Docê infância que me sorriu
Não há mais o ar
Quando as chuvas de inverno
O jardim encontrar
Quando a brisa fria
A sepultura alcançar
Então viverei
Viverei da vida breve
Alegrias de contar
Do coração atento
Noites longas ao luar
Então renascerei
De amores amigos
Cantigas de despertar
Tudo será breve
Breve vida vem raiar
Gentilmente dedicado à Camila Furtado, amiga de memórias e paixões. Às vezes sem memória, sem paixões, mas sempre com poesia.
Importante: este texto deve ser lido ao som de End of May by Michael Bublé.
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