9 de mai. de 2011

MoViMeNTo - XVIII

Está morrendo o verão
As manhãs quentes do despertar
se perderam numa brecha da vida
Vou-me com elas

O outono saltitante me sorriu
Prometeu folhas e brisas
Mas, silenciosamente morre
Morre a cada anoitecer

    Também o acompanho

O sopro se desvanece na fragilidade
Da existência tenra
Coração de sonhos esquecidos
No jardim da casa abandonada

Abandonei-me a margem do caminho
do sorriso incerto na varanda
Do café quente sobre a mesa
Manhãs de primavera virgens

Com os pássaros de verão
que procuram seus abrigos
Morro desta existência
Docê infância que me sorriu

    Não há mais o ar

Quando as chuvas de inverno
O jardim encontrar
Quando a brisa fria
A sepultura alcançar

  Então viverei
  Viverei da vida breve
  Alegrias de contar

     Do coração atento
     Noites longas ao luar

  Então renascerei
  De amores amigos
  Cantigas de despertar

     Tudo será breve
     Breve vida vem raiar

Gentilmente dedicado à Camila Furtado, amiga de memórias e paixões. Às vezes sem memória, sem paixões, mas sempre com poesia.


Importante: este texto deve ser lido ao som de End of May by Michael Bublé.









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