Mau cidadão não precisa de ocasião
Diz-se no popular – “a ocasião faz o ladrão”, frase de alto poder mítico que até certo tempo foi verídico entre o povo. Disto já me lembrava dona Maria, minha mãe – “garoto bom é garoto que estuda muito e ainda ajuda o pai ou mãe em alguma tarefa no tempo que lhe resta. O moleque tem que estar o tempo todo ocupado”.
Mas como na vida, tudo passa, até a tal da uva-passa, e com este ditado não é diferente. Outro dia assistindo a um tele-jornal, me surpreendi ao ver um sujeito ser entrevistado em pleno horário nobre da tv em rede nacional. O indivíduo, possivelmente feliz por ter seu momento de glória ao vivo - e a cores também - era acusado de roubar um par de tênis da marca Reebook e uma calça jeans da Zoomp, e ainda por cima, rasgada no joelho, e se não bastasse ter cometido tamanho ultraje contra seu vizinho, ainda o agrediu por ter deixado o cachorro solto no quintal, um barulhento e infernal Poodle que queria a todo custo lhe cravar os dentes no calcanhar.
Aparentando em seu rosto, uma profunda experiência de vida, no alto dos seus vinte e um anos, quanto questionado pela repórter respondeu:
- Você tem família?
- Tenho sim senhora.
- Em que série do colégio você está?
- Não estou, não senhora, parei faz uns anos.
- E você trabalha em quê?
- Não trabalho não, senhora – vivo de ocupações diárias.
- Mas quê tipo de ocupações diárias são essas?
- Ah, um dia cato um tênis de um maluco aí, noutro um boné e assim vou...
O que dizer sobre este jovem, será ele um excluído da sociedade? Ou um produto desta? Uma coisa atesto, caros senhores, já verdade não é que a ocasião faz o ladrão, mas sim, a falta do que fazer é que forma um mau cidadão.
[Criei esta Crônica para um trabalho da faculdade, me diverti muito no processo e por isso resolvi postar. Quero registrar também a minha alegria por ter uma professora tão excelente como a desta disciplina - Professora Irinéia Franco - que sempre nos incentiva! ]
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