31 de out. de 2009

_A tarde

[sábado, 15h35]

"A tarde está tão linda que poderia ser tarde a noite inteira."

29 de out. de 2009

_O poema

Um poema como um gole dágua bebido no escuro.
Como um pobre animal palpitando ferido.
Como pequenina moeda de prata perdida para
[sempre na floresta noturna.
Um poema sem outra angústia que a sua misteriosa
[condição de poema.

Triste.
Solitário.
Único.
Ferido de mortal beleza.


Por Mario Quintana em 80 Anos de Poesia, Editora Globo, S.Paulo, 2008, p.102

27 de out. de 2009

_Cartas entre amigos - citação VI

"Eu não tenho tempo algum, porque ser feliz me consome!"

Adélia Prado citada na obra Cartas Entre Amigos - Sobre Medos Contemporâneos de Gabriel Chalita & Fábio de Melo. Editora Ediouro, Rio de Janeiro, 2009, p.83.

25 de out. de 2009

_Rastro

Foi um rastro...

Sim, um rastro, uma impressão, a lembrança de um sonho;

Foi um momento;

Foi um instante perdido no tempo;


Foi o desejo de uma carícia;

Foi céu, terra, água, sopro, vida;

Foi assim sua passagem por mim;

A impressão de um início, mas o fim.


Me apego aos pedaços de segundos, tudo que sobrou

Procuro eternizá-los em mim, é a vida que restou...


Luto para que a beleza do seu sorriso não se desvaneça

Mas de fato anseio para que você não me esqueça.

Te desejo, te quero, seja parte de mim;

Seja o início, seja a grande alegria, seja um sonho sem fim.


Mais que um rastro.

Seja meu encanto;

Mais que um fato;

Torna-me um humano

_Cartas entre amigos - citação V

"Meu amigo, não sei quem foi que nos desvirtuou assim, para que tivéssemos medo de nossos limites. Desde muito cedo aprendemos a falsear nossos sentimentos. Choros estancados porque não sabíamos ser fracos. Essa lição nos foi omitida. Esqueceram de nos dizer que é bonito saber chorar e que todo soldado, por mais valente e corajoso que seja, sempre terá o direito de chorar e dizer que está com medo. Quiseram nos ensinar o sucesso, mas esqueceram de nos dizer que ele é processual e que as partes que o constituem costumam ser feitas de pequenas derrotas. Mostram o pódio iluminado, indicaram o primeiro lugar, mas omitiram que, para conquistá-lo, é preciso saber enfrentar o desapontamento de ser o último. Esqueceram de nos dizer que não é nenhum problema a gente reconhecer que não sabe ou que não conseguiu entender."

Da obra Cartas Entre Amigos - Sobre Medos Contemporâneos de Gabriel Chalita & Fábio de Melo. Editora Ediouro, Rio de Janeiro, 2009, p.76.

24 de out. de 2009

_Cartas entre amigos - citação IV

"Se me esqueceres, só uma coisa, esquece-me bem devagarinho."

Mario Quintana citado na obra Cartas Entre Amigos - Sobre Medos Contemporâneos de Gabriel Chalita & Fábio de Melo. Editora Ediouro, Rio de Janeiro, 2009, p.57.

_Cartas entre amigos - citação III

"As relações humanas precisam voltar a ser artesanais. A revolução industrial nos legou a produção em série. Levamos a sério o aprendizado. Deixamos de ser artesanais em quase todos os aspectos da vida. Tenho saudade dos velhos teares, onde a trama das linhas nos presenteava com resultados surpreendentes. A trama final nascia de mãos afeitas a trabalhos de minúcias.

Meu caro Gabriel, o amor é o maior de todos os artesanatos. Não amamos da noite para o dia. Amor é construção que requer empenho, assim como a trama dos teares requer demora na escolha das linhas e das cores.

Gosto de compreender o amor como eleição. Alguém que até então estava perdido no meio da multidão foi eleito. Tornou-se sagrado, saiu do contexto que era de todos e agora desfruta de um horizonte particular."

Da obra Cartas Entre Amigos - Sobre Medos Contemporâneos de Gabriel Chalita & Fábio de Melo. Editora Ediouro, Rio de Janeiro, 2009, p.53.

_Cartas entre amigos - citação II

"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos."

Fernando Pessoa citado na obra Cartas Entre Amigos - Sobre Medos Contemporâneos de Gabriel Chalita & Fábio de Melo. Editora Ediouro, Rio de Janeiro, 2009, p.47.


_Cartas entre amigos - citação I

"Há tantas outras perdas, meu amigo. Tantos outros medos. O medo de não ser amado é doloroso demais. É como um botão fechado de flor. Cada vez que se contempla o jardim, vê-se o botão e se tem a esperança de que um dia ele haverá de desabrochar. A esperança alimenta a dor. Quanto mais o ávido de amor se aproxima, mais sente a resposta dos espinhos. E há tantas outras flores. Quem sabe por que aquela e não outra qualquer foi a escolhida?

Os sorrisos se perdem, o mundo se apequena. Nada mais tem sabor. os encontros voltam a perder o significado porque só uma mão interessa para ser enlaçada. Os dizeres de tantas vozes carinhosas se perdem. É a surdez da esperar de uma única sinfonia que talvez ainda nem tenha sido composta."

Da obra Cartas Entre Amigos - Sobre Medos Contemporâneos de Gabriel Chalita & Fábio de Melo. Editora Ediouro, Rio de Janeiro, 2009, p.40.

8 de out. de 2009

_Obras inacabadas

Sobre Tristeza

O que dizer dos amores que tive?

Das festas que me convidaram?

Das alegrias que me fascinavam?

Caí do precipício

Mergulhei no abismo;

Cai, cai e cai por horas;

Fui parar nos braços da tristeza;

Ela se encantou por mim;

Não quer me deixar;

Deseja fazer parte de mim...



Sobre O Abstrato


Que delícia, o vento;

O vento, que delícia vem

És tão soturno, tão silêncio

_Sobre Adeus

Adeus!

Adeus é tudo que restou das alegrias que vivemos;

Adeus é o único sentimento que permaneceu em meu coração

Depois de todos os bons momentos que desfrutamos.

Do futuro, não sei o que me reserva;

Do presente é uma ausência constante;

Do passado...

Ah, o passado, que palavras caberão para descrevê-lo?

Ainda que discorresse por muitas linha a fio;

Não conseguiria hoje, lhe dizer nada além de adeus.

Adeus porque já não existe o presente;

Adeus porque o passado já passou.

Adeus porque no futuro não cabe mais nós dois;

E todas as possibilidades que nasceram para que,

O adeus não nos acompanhasse, você as matou.

De tudo que vivemos, foi somente o que restou:

Adeus.


5 de out. de 2009

_Se eu

"Se eu tivesse uma canção para cada dia do ano, juro que as cantaria todas...
Ininterruptamente!

Até você chegar!"

_Sonho, vida, realidade, amo

"Minha vida é uma história de poemas guardados, de cenas ocultas, de sonhos que ainda aguardam para se tornarem realidade.
Minha realidade é uma história assim, de poemas que nascem, de cenas que se desnudam, de realidades que são como sonhos...
...amo a realidade dessa vida e a vida deste sonho."