"Há tantas outras perdas, meu amigo. Tantos outros medos. O medo de não ser amado é doloroso demais. É como um botão fechado de flor. Cada vez que se contempla o jardim, vê-se o botão e se tem a esperança de que um dia ele haverá de desabrochar. A esperança alimenta a dor. Quanto mais o ávido de amor se aproxima, mais sente a resposta dos espinhos. E há tantas outras flores. Quem sabe por que aquela e não outra qualquer foi a escolhida?
Os sorrisos se perdem, o mundo se apequena. Nada mais tem sabor. os encontros voltam a perder o significado porque só uma mão interessa para ser enlaçada. Os dizeres de tantas vozes carinhosas se perdem. É a surdez da esperar de uma única sinfonia que talvez ainda nem tenha sido composta."
Da obra Cartas Entre Amigos - Sobre Medos Contemporâneos de Gabriel Chalita & Fábio de Melo. Editora Ediouro, Rio de Janeiro, 2009, p.40.
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