27 de jan. de 2010

&_O Menino Travesso que Amava Livros

Transcrevo a seguir parte de uma deliciosa entrevista com o notável sr. José Mindlin.

Livros crescem de noite”, diz o homem que até há pouco tempo lia mais de cem livros por ano. Se contar só que leu dos 13 até agora, devorou mais de 6 mil livros. Há dois anos, porém, já não consegue ler. Seus olhos estão com máculas que não há como operar. Familiares e amigos lêem para ele, mas Mindlin diz que não é a mesma coisa. Tem saudades de passear os olhos pelas letras enfileiradas, no silêncio populoso da leitura, e de manusear o objeto de papel e tinta, razão à qual atribui sua permanência por 550 anos e seu futuro por outros tantos. Do alto de seus 93 anos, completa: “Nada substitui o livro."

Para ler na íntegra, clique aqui!

Fonte: Estadão.com.br | blogs | Daniel Piza

26 de jan. de 2010

&_Sair da cama

A vida é assim.
Sim, é ela mesma.

Um sonho rápido,
Uma noite que termina e não temos
Vontade de sair da cama...
Um sopro intenso que passou;
Um sorriso que logo acaba;

O abraço gostoso que já faz falta antes de acabar.
Apaixone-se rápido por ela.

Ou ela se tornará:
Aquele passarinho que pousou na janela,
Aquela onda que se quebrou.
Aquela infância que nos deixou.

25 de jan. de 2010

&_Arte do Inacabado

Interessante pensar...
Todos os meus poemas são inacabados,
Salvo pouquíssimas exceções que lutei até o fim.
Quanto me questiono, e me cobro a responsabilidade
De terminá-los, alego que num futuro oportuno
Trabalharei um a um novamente.

Mas, rio de mim agora pensando melhor,
Pois afirmo que retornarei a cada texto como se tivesse
Uma eternidade pela frente.
Estranho esse sentimento em nós.
Vivemos com expectativas de seres eternos nessa terra...

Mal atentamos para o fato de que somos como a flor do campo;
Como a nuvem que parece intensa e logo não existe.

Vejo que preciso rever meus textos;
Atentar para o que deixei para depois.
E não percebi que o depois é uma imensidão distante que talvez
Não aconteça.

Mas será que todo poema na verdade não é uma obra inacabada?
O poema é a alma de seu poeta.
Sempre mutante, sempre inconstante, sempre descobrindo.

Passo a acreditar então que de fato, os poemas são inacabados,
Mas, tornam-se inacabados quanto quero compará-los a minha existência;
Porém, poemas não são para isso. Eles nascem para registrar o momento,
O instante, aquele resquício de eternidade que vivemos;

Quando os vemos assim, eles se tornam completos.

Poemas são de fato, como seus poetas;
Seres inacabados.

&_Pedras

Pedras by Milton Arioso



Vês?

São assim, simples assim.

Pedras, pedras e pedras.

Não possuem padrão para serem pedras;

Somente, são pedras.

Umas pontudas, outras arredondadas,

Algumas convidativas para se sentar;

Outras, sugerem atenção e distância.


São pedras.

Todas diferentes, porém juntas.

Não exigem que se pareçam umas com as outras;

Também não se opõem ao fato de serem diferentes.


Mas, no seu todo apresenta-nos a beleza.

Uma beleza corriqueira, mas sempre agradável.

São as pedras que afrontam o mar;

Pedras que são moldadas pelo mar.


Parece-me que não se preocupam com suas formas;

É o ato de estarem juntas que dá o sentido de existir.

Tão diferentes; tão disformes, porém;

Juntas são como uma única pedra.

E ai está seu sentido, seu motivo, sua condição de pedra.

Não importa como são em sua individualidade,

Importa sim, que juntas formam um rochedo;

Que durará por anos, que existirá por séculos;


Não seríamos felizes se fôssemos pedras?


15 de jan. de 2010

&_Intenso

&_Intenso por Milton Arioso

Gosto da fragilidade das flores

Elas não mentem.

Se o sol concede sua luz

Elas brilham, se abrem ao frescor do momento.


Mas, se o vento se manifesta

E com intensidade anuncia o seu assombro

Elas se encolhem, se escondem

Para preservar suas pétalas. Afinal

Pétalas são a riqueza de uma flor.


Gosto da sinceridade das flores,

E de sua generosidade também.

Quando o florescer vem;

Não negam seu perfume ao passante solitário,

Se o pequeno beija-flor se aproxima;

É bem vindo em teu seio.


Gosto da simplicidade das flores

Em silêncio germinam.

E no silêncio do alvorecer conquistam seus amantes;

E com um pouco mais de silêncio se tornam majestosas.


Porém, a morte logo vem.

Arrebatadora, forte, ela vem.

O que restará das flores é somente o silêncio,

Não resistem, não hesitam, não ressentem,

Elas simplesmente vão.


Sinto inveja das flores.