29 de dez. de 2012

3ª Confissão


Onde estou?
De dentro de mim
Por entre veias e artérias
Sentidos se perderam

Por trás das macieiras
Tantas tardes.
Quem diria encontrarmos
Um deserto a frente

Galhos secos
do pomar de sempre
Tão íntimo de nós.
Onde estou?

Toda aquela alegria
Desencantou-se no rio
De muitas águas
Fragilizou-se o coração.




21 de dez. de 2012

2ª Confissão

Do outro lado,
     [travessia é o hiato do tempo.

Entre um adeus e um olá
     [existe vida que se funde.

Cheia de presente
Procura caracteres capazes
     [de produzir sentido.

Do outro lado,
     [um arco-íris que não se alcança.

Poeira alta,
tristeza sonolenta
Afagos perdidos...
     [outro lado.



1ª Confissão

Ao cego, o mar sempre lhe parecerá azul.





29 de ago. de 2012

Vivências #36

Dos rios esquecidos
Alcançou-me a alma
Tão leve brisa

Disparate eterno
Desejo e compromisso
Ânsia e infância

Da margem triste
Rios inteiros
saudades de você.



Vivências #35

Na cadência dos passos
Ainda é noitinha
Na rua ladeada pelo cemitério
A vida recomeça sua lida


Vivências #34

Dos tempos idos
Custou-me esquecer
Dos beijos que roubei
Entre uma brincadeira e outra

Das conversas intermináveis
No portão do teu pai.
Tão longa as noites de inverno
Esperando simplesmente

O amanhecer dos olhos teus



28 de ago. de 2012

Vivências #33

O vazio da tua existência
Cala a vida dentro em mim.
Um abismo e uma queda
Incessantemente

Inebriado de silêncio e escuridão
Procuro indefinidamente
Os óculos quebrado
Tudo se esvaiu

Da vida que verteu sonhos
Foram queimados
A chama da vela solitária
Assim a própria vida
Solitária, serena e frágil.

Por hoje, não quero
Manhãs de sol aberto.
Não, não me encomendes
à brisa do mar.
Sou areia esquecida entre rochas

Lembranças inconclusas, incertas
Funeral em manhãs de primavera
Perdidos enlutados
Divagam a sombra do pensamento

Mas, não é apenas um anoitecer?



Vivências #32

Tuas mãos
Minhas costas
Unhas que sulcaram
Silêncios e palavras

Das profundezas, incertezas arraigadas ao ser
Tor-na-ram - se
vivências intrínsecas
Uma leitura acessível
Apenas em nós

Lábios
Lamentos
Livres
Leve



Vivências #31


Durmo com um único pedido e anseio:
Que sejamos felizes. E quando a bela
alegriar passar por nós, que possamos
reconhecê-la, ainda que disfarçada na dor.

Vivências #31


Eu vivo mesmo é de recomeços,
Todos os caminhos que morrem...
recomeçam em mim. Vivo todo dia
o deixar, reencontrar e perder de novo...




15 de ago. de 2012

Vivências #30

Das amoreiras,
Colhíamos frutos
Expremíamos por entre os dedos
Pra vermos toda cor
Daquelas alegrias


14 de ago. de 2012

Vivências #29

Água que desce o rio
Não encontra parada
Navio lançado ao mar
Em noite de tempestade
Folha seca que se foi
Junto da enchurrada

Águas volumosas
Do topo da vida
Cachoeira a baixo.

É um disparate viver.




Vivências #28

Banido de mim, eu fui
Do alto dos meus cinco anos,
Abandonei-me da vida que vertia
Escondido em um sorriso terno

Esperei por teus braços que
Não me alcançaram
Na gruta da alma frágil
Foram dias e dias de chuva

Os trovões ressoam ao longe
A voz do tempo que a tudo vence

A primavera, lembrança primeira,
da flor murcha que desistiu de renascer
Os galhos secaram o hálito

O frescor... o frescor... mas,
A que chamávamos frescor?


Vivências #27

No laço rosa
Do teu lingerie
Contei meus dias



13 de jul. de 2012

Vivências #26

Encontrar o teu ombro
Recostar as desesperanças
Debaixo dos teus cabelos
O mundo em oculto

No coração que pulsa
Alentos na noite adentro
Meia luz no abajur
Um sofá, você e eu.

Vivências #25

As flores do meu Amor
Uma a uma
Morreram todas
Nem brisa chega a janela

O céu já não pinta azul
Na rua toda triste
Nem vira-lata passa lá
Queria tanto aquelas flores

Vivências # 24

São trapos, farrapos
Tudo que restou
Estirado no tapete
Que sombra me alcançou

Deste chão não me levanto
terror, terreno, tenso
É a vida
Um breve espanto.

Vivências #23

Me esqueci dos teus olhos
Nas manhãs de inverno
Do silêncio do quarto e
O cheiro de café
tudo é tão teu me nós
Que já não me atrevo
a dor de cada fôlego.

Vivências #22

Sei que renasço
              [com o fim do dia.
Desfaleço!
              [todas as manhãs.

Eu existo mesmo é nos teus braços.

Vivências #21

Incrível é a tarde
Que todas as tardes
se rende aos caprichos
da noite.

Vivências #20

Insano desejo
Pulsa em nós
Corpos latentes em pausa
Cheiro de pomar em flor
Des-controla-da-mente.

Vivências #19

Não existo.
Fui o vento forte
A garoa pela manhã
Brisa leve que passou

O vento forte e leviano
Folha lançada ao mar
Canção esquecida
de infância

Quanto a Poesia
Um sussurrar de corações tristes
No funeral da vida breve.

Vivências #18

Não,
Não sonhamos!
Fazemos mesmo
é realidade
Tão fictícia como
a própria vida.

Vivências #17

Com todas as forças
Contraía seu braço robusto
Contra meu rosto rosado

Inesquecível o remédio
do Papai contra minha
Primeira dor de dente.


Vivências #16

As horas
[comprimidas] entre nós
Em movimentos aleatórios
De sentidos puros
Uma xícara de café.

Vivências #15

A manhã, triste como um funeral
          [Chegou
A vida, inocente como uma criança
          [Recomeçou
Afinal,
Tudo é passagem.

Vivências #14

E o Sol,
O tão desejado
De um olhar só
Varreu a tarde da cidade
E nos deixou.



13 de abr. de 2012

Vivências #13


TRATADO DE INFIDELIDADE
Amas-me como a ti mesmo
Tarde, manhã, noite
Desejas-me como pássaro a liberdade
Segundas, terças e outras freiras
Abraças-me como leão
A presa fácil
Primaveras, invernos e meias
E no fim, amas-me com esse amor tal
Do qual sonhou-se muito
Mas não se viu
Como essa existência nossa
Que nunca existiu.



10 de abr. de 2012

Vivências #12

Ruas esburacadas
Hidrantes vazios
Teus seios
Como um entardecer



Vivências #11

Do meio do salão
Dançamos a valsa
                          [da vida

Os pares exibem conquistas
Maqueiam frustrações
Sorrisos pela metade
Passos elaborados
Dancemos todos
A dança deste tempo

Numa próxima canção
Ninguém sabe
                          [como será



Vivências #10


Então brincávamos noite e dia
Você era minha amiga
incrivelmente minha amante.
Não havia fim de dia
ou fim da noite
Nem fim algum.

Todos os instantes
eram de uma essência só,
um carinho só
Era tanta vida
que não cabia

Dentro de nossos pijamas
os limites se perdiam.
Estendíamos da cama a mesa do café
Na janela
Era o mar que se calava
pra nos contemplar



30 de mar. de 2012

Vivências #9

Apesar dos amores
o vento continua
                        [lá fora
Embora tristeza
O verde continua vivo
Nas árvores
                        [do cemitério



Vivências #8

Vem.
Abandonemo-nos
Por dias e dias
leves como terra revolvida
sobre a semente
Entreguemo-nos
Até o limite dos nossos lençóis

Deixe o sol que nos alcance
A chuva que chova
sobre o jardim
Carícia é meu insulto mais
sublime



Vivências #7


Dilacerava-me a inexistência
Que furtivamente me alcançava
Eram dores tão profundas
Como o fim de tarde.

Dos sorrisos ora perdidos
Formavam-se rios de breu
Sangue coagulado
Entre meu corpo e eu.


Vivências #6


Não
Não de amores, que vivemos
Saboreamos brisa
De sentir, de tocar

É de frente ao mar
Que choramos
Choramos da ausência
Impregnada em nós
Da lembrança do sentir
Distante como o por do sol

Não
Não de amores, que vivemos
Se tudo é um já, urgente
Saciemo-nos do agora
Porque o amanhã
Bom, o amanhã
Amores, brisa e por do sol


Dedicado à Camila Furtado.




18 de mar. de 2012

Vivências #5


Não me lembro do dia
que te encontrei os olhos.
Nem do instante que teus lábios
Pediram um beijo

Não me lembro de quando
Chorando, encontrei teu abraço
Nem de quando o cinema
era muito mais que uma história na tela

Me lembro dos dias
que mentindo para minha mãe
Dizia que infância nunca terminava.
Como queria tudo isso outra vez.



Vivências #4

Das vezes que
amarrávamos os tênis
Corríamos escada abaixo
O seu era sempre vermelho

Corríamos por entre folhas
Alegrias de primavera todo dia
Corríamos da vida
de ser gente grande

Corríamos rios e poças d´agua
Do chinelo de mamãe
E da hora de nos separarmos

Corríamos da chuva e dos segredos
De comer alimentos verde
E aquele tal de bróculis

Corríamos o dia inteiro
E chorávamos a noite longa
Da janela

Jamais podíamos imaginar
Que de tanto correr
Acabaríamos por nos encontrar
Sobre o mesmo lençol.




Vivências #3

Rouba-me o beijo
Que apresso teus sentidos
Um prisioneiro como eu
É teu melhor tesouro

Rouba-me o beijo
Na lareira entre os livros
Por trás do ombro de teu pai
O susto é um sabor a mais

Rouba-me o beijo
No perder da tarde
Sob uma árvore seca
O silêncio é uma carícia suave

Rouba-me o beijo
Em um segundo
Eternidade é espaço
Entre nossos lábios


Vivências #2

Das nuvens
que densa tempestade
Trouxe ao entardecer
São estas agora
que nos livra do sol escaldante

Tal qual os lábios
que concederam o beijo
Ora também disseram
Adeus




17 de mar. de 2012

Vivências #1


Pés apoiados na bola
Teus cabelos soltos
Aquela banco
mais nosso
Que da praça

Conversas intermináveis
Tardes que se arrastam,
Aonde foi que nos perdemos?
Ou foi a tarde
Que se perdeu entre nós?

Sua mãe que chama,
Deveres que me esperam.
Quem fez o dia tão pequeno assim?

Alegra-nos o desespero de saber
Que o intervalo da noite
Nos trará tardes outra vez.

Só pra eu encontrar a bola,
Teu sorriso
Teus cabelos,
Aquele banco

Tudo,
Outra vez.




15 de mar. de 2012

Canção de Amanhecer


Então, corríamos, corríamos
Na retórica das horas
A falência do tempo
A urgência dos dias

F-Ô-L-E-G-O

Vestíamos, vestíamos
cores na pele
Carvalhos envelhecidos
Aço nos ossos

F-Ô-L-E-G-O

Mar de eucalíptos
Floresta a nossa margem
Dias de neblina
Aqui o tempo era servo

F-Ô-L-E-G-O

Mãos e dedos
entrelaçavam-se
Carne e carnes
esmiuçavam-se

Essa louca, Poesia.



13 de mar. de 2012

Canção de Entrevista de Emprego


Candidato a defunto

Altura: 1,79
Peso: 91kg
Idade: 33 anos
Estado de saúde: bom
Ocorrências anteriores: apenas uma internação na infância
Ossos quebrados: 01 perna quebrada quanto tinha 12 anos
Ocupação: aspirante a poeta desocupado
Livro preferido: Breve Vida de Um Defunto Moderno

Nota do entrevistador: candidato excelente para a vaga.

Status do processo: aguardando chegada do carro funerário!



10 de mar. de 2012

Canção para quem espera o Inverno

Os ventos frios a trouxeram
De volta.
Chegou como quem chega de um
Até Breve!

Despretensiosa
Ocupou seu lugar
Como se de fato
Este sempre fosse seu

Ousada e frágil
Intensa e breve como
Inverno

Balada minha
Essa tão simples
Poesia.


Canção em Silêncio

Fadado ao silêncio estava
Sem formas de comunicar
Fui encontrado por você
Conduzido aos campos.

Girassóis me espreitavam
Tudo em nós florescia

Entre linhas te amei
Oh, poesia minha.



Canção Imaginada

Apesar
Das lágrimas, rimos
Apesa dos sonhos,
Sonhamos
Apesar da vida,
Vivemos
Apesar de tudo,
Tantos.

E o teu beijo
Enveredou-nos
Por caminhos estreitos.



Canção para esperar o Afago

Hoje!
C-h-o-r-e-i
Chorei todas as lágrimas
Perdidas em mim.

C-h-o-r-e-i
A inexistência de ser
Ausência fragilizada pelo tempo.

Tantas lágrimas
Buscavam sentido.
Tantas lágrimas
em busca por sentido.

O afago breve
É uma resposta vaga
ao coração que clama.



Canção Sem Nome

Dos teus olhos // lindos!
Lembranças me aquecem // coração!

De tuas mãos pequenas // quentes!
Alegrias juvenis // entorpecem!


Canção Solene

E a noite
Que chegou.
Chegou breve
Nos céus as manchas
De um rubro entardecer
Refletem as lembranças
De um apaixonar recente

Ao seu lado
Eu entardeço todo dia.



Canção de um Valente

É o descompasso
De uma existência.
Se sobrepõe ao
Querer de uma vivência

Existo num querer e um deixar
C-o-n-s-t-a-n-t-e
Folhas de inverno
Se perderam na longevidade primaveril,
Acolchoada de lembranças

A vida segue.



Canção sob uma Árvore 2

Poemas adormecidos
chegam pela manhã
Carregados da insônia
De uma geração
Árvores que respiram a eternidade
Aspiram todo os desafetos
Desta vida



Canção de Vinil

Avenidas e passarelas
Varandas e sacadas
Grutas e penhascos
Canção esquecida
De um disco riscado

Teus cabelos sobre meu peito



Canção 1ª Faixa

Um café,
Um beijo.
E o teu olhar

Bastou-me,
Havia encontrado tudo.

9 de mar. de 2012

Canção de Romaria


Devoto-te
Uma alma.
Simples e profunda,
Inquieta e ausente
Como uma alma.

Carente de ser
Encontrada.
Perdida

Devoto-te
Um coração.
que pulsa.
Pulsa, pulsa,
incessantemente
pulsa.
E espera.
Espera e pulsa.

Devoto-te
Isso tudo,
E as árvores
da minha rua.





8 de mar. de 2012

Canção do Desespero


Re-si-li-ên-ci-a!
Engolir o choro
Encontrar beleza no
Amanhecer
Dos pés feridos,
Sentir o sal das ondas,

Não é mesmo
O mar que nos faz chorar?



Canção para o Despertar


Te amo, não de agora
de antes.
Não de um amor
assustado
Um amor velado,
Te amo de madrugadas
Em claro
De dias e dias no porto.

Te amo de um tempo antigo,
Bem pra lá de muito tempo.
Eu te amo é com
a leveza das manhãs.




7 de mar. de 2012

Canção para uma Árvore


Resquícios de uma lembrança,
Da vida que passou por aqui.
Sou uma sombra na noite,
Uma folha no rio.
A saudade revolta
Do perfume dos teus cabelos.




27 de jan. de 2012

Canção ao Acaso 2


Na imensidão do teu corpo, navegava
mares,
mistérios e
maravilhas!  


Canção ao Acaso


Tão intensa que fôlego me faltava;
Tão linda, tão linda

Que a paixão não se acabava.


23 de jan. de 2012

Canção em dia de vento

Os sentimentos como furacão
Dentro em mim...
Me destruiam na mesma intensidade
Que te desejavam


Canção breve

O afago breve é uma resposta vaga ao coração que clama.






Canção sob uma árvore

Na poça d´agua
A lembrança tua
Reflete meu coração
Em desespero.

Chuva.

2 de jan. de 2012

Canção para Amarrar os Cadarços

Que o abraço seja
Espontâneo
Que o beijo
Aconteça
Que o amor
Nasça
Que o encanto
Flua
Que a noite
Chegue
Que o dia
Atrase
Que o brilho seja
Lua
Que o som seja
Teus lábios


Canção de Esconde-esconde

A noite chegou
Sorrateira com ares
De nem sei.

Em um esconde-esconde
Escondeu-se de tudo
No momento
Sob a árvore

Desejos de uma alegria
Noturna, de coração
Adolescente,
Vivências de uma vida,

Me apareceu, então
Você.
Não houve noite,
Nem alegria

Tudo foi apenas
Pique.


Canção Sobre a Montanha

Alma que dança

                          [Des-con-tro-la-da-men-te

Dança!
A busca de um sentido.

Dança uma música tão alta
                                            [Como o desejo de teu coração;




Canção de Um Abandono

Águas que passam,
Insistentemente
Passam e recomeçam
Seria novas águas

A tarde que se perde
De tantas águas que passam
Perde-se tardiamente
O fim do dia

Fim

Águas que continuam...
Passam
Perdem-se.

Silêncio

Perdeu-se o abandono
Que aqui passou
Folhas à margem
Memórias

O rio que insiste em cantar
Passa,
Floreios perdidos.


Im#par 13

No perder da tarde
Os céus nos vestiam
Vertíamos querer

O entrelaçar dos dedos
Entrelaçavam-se
Por entre grama e sonhos

Na simplicidade dos olhos
A profundidade da alma
Instante de uma eternidade só.